NAJ#27 🌼 A quem interessa o trabalho infantil?
138 milhões de crianças foram submetidas ao trabalho infantil em 2024 | Publicações online com ameaça a escolas cresce 360% em quatro anos | Redes sociais são principal ameaça à saúde mental de jovens
E aí, como está?
Mais friozinho esta semana em São Paulo. Esses dias, um parente meu me mandou vídeos feitos pela IA de capitais brasileiras cobertas pela neve. Achei engraçado e bem bizarro, como tudo que é feito pela IA.
Mas é a sensação que dá ao sair na rua. Imagina quem não tem agasalho o suficiente para se aquecer? Estamos na época da doação de agasalhos e cobertores. Se essas peças estão juntando pó no seu guarda-roupa, deve estar na hora de doá-las, não?
Boa leitura!
Na edição de hoje:
🚧 12 de junho, Dia Mundial contra o Trabalho Infantil
🏫 Violência nas escolas: ódio se espalha ainda nas redes sociais
📵 Aumento da idade mínima para acesso ao Instagram
🌎 Mundo tem mais de 117 milhões de pessoas deslocadas à força
Nesta semana, a Alecrim abordou a violência policial contra crianças e adolescentes em um post no Instagram. Se ainda não viu, vai lá conferir:
➝ “Foda-se as crianças”, diz PM antes de matar jovem na zona leste, que implora pelos seus filhos pequenos.
🚧 Quando o trabalho vem antes da infância
Ontem, 12 de junho – além dos namorados e namoradas –, celebramos o Dia Mundial contra o Trabalho Infantil. Segundo relatório da ONU, 138 milhões de crianças foram submetidas a alguma forma de trabalho infantil em 2024.
No Brasil, em dois anos, mais de 6 mil crianças e adolescentes foram retirados de situações de trabalho infantil pelo governo federal.
➝ Veja sete mitos sobre o trabalho infantil que não podem ser normalizados.
Para a Repórter Brasil, veículo que tem uma editoria para monitoramento do trabalho infantil, o jornalista Leonardo Sakamoto escreve:
O setor agrícola é o que mais emprega mão de obra infantil, respondendo por 61% dos casos, seguido pelo de serviços (27%), como trabalho doméstico e venda de produtos, e pela indústria (13%), incluindo mineração e manufatura. Crianças pequenas, entre 5 e 11 anos, são as mais afetadas, representando 57% do total. Conforme crescem, a distribuição por gênero se torna mais desigual: os meninos são maioria, especialmente em trabalhos industriais, enquanto as meninas estão mais presentes no setor de serviços, incluindo tarefas domésticas. Quando se consideram as horas dedicadas a afazeres domésticos não remunerados, a diferença entre os sexos se reduz, revelando que as meninas assumem uma carga desproporcional dessas atividades.
Condenada em segunda instância na Justiça do Trabalho, a Bytedance Brasil, responsável pelo TikTok no país, deverá exigir alvará judicial para crianças e adolescentes que realizam trabalho artístico na plataforma. Se houver habitualidade, monetização e performance voltada à audiência, a atividade deve ser encarada como trabalho artístico infantil.
🏫 Violência nas escolas
Nesta semana, ocorreu um atentado a tiros numa escola pública em Graz, na Áustria. O ataque deixou 11 mortos, incluindo o atirador, ex-aluno da escola. O país não têm histórico de situações como essa, o que torna o fato ainda mais chocante.
Aqui no Brasil, também há ódio destinado a escolas. E ele cresce. Um levantamento realizado pela empresa de monitoramento Timelens revela um crescimento de 360% do volume de publicações de brasileiros com ameaças diretas a escolas entre 2021 e 2025.
Não é incomum que esse ódio se reflita na saúde mental de educadores. Os transtornos mentais são o principal motivo de afastamento das professoras da sala de aula, em sua maioria mulheres. Leia mais sobre o assunto nesta matéria da Revista Educação.
➝ Educar para combater a violência escolar.
📵 Quem cuida das infâncias nas redes sociais?
O Ministério da Justiça e Segurança Pública alterou a classificação indicativa do Instagram. Desde esta quarta-feira, 11, a idade mínima para acesso ao aplicativo passou de 14 anos a 16 anos. O texto publicado no Diário Oficial da União especifica que a classificação indicativa tem como eixos temáticos os conteúdos de sexo e nudez, violência e drogas.
➝ STF forma maioria para responsabilizar redes sociais por conteúdos de usuários
Um relatório do grupo de direitos da criança KidsRight, organização sediada em Amsterdã, em parceria com a Universidade Erasmus de Roterdã, mostra que um em cada sete jovens entre 10 e 19 anos sofre de algum tipo de problema de saúde mental. O estudo também correlaciona a deterioração da saúde mental infantil ao uso "problemático" das redes sociais.
Sobre a segurança de crianças e adolescentes nas redes sociais, veja o que diz Carolline Sardá.
🌎 Crianças ao redor do mundo
Segundo relatório do Acnur, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, mais de 117 milhões de pessoas estão deslocadas à força por guerras e crises humanitárias. A maioria delas são mulheres e crianças.
O conflito na Faixa de Gaza desalojou 90% da população. Em contrapartida, o financiamento para ações humanitárias caiu drasticamente e está no mesmo patamar de 2015.
Uma das únicas conquistas apresentadas pelo relatório é a volta de 9,8 milhões de pessoas para suas casas, incluindo 1,6 milhão de refugiados – o maior número em mais de 20 anos – e 8,2 milhões de deslocados internos.
➝ Vídeo: Segurando retratos de crianças palestinas mortas na guerra de Israel contra Gaza, centenas de israelenses e palestinos marcham em frente ao Ministério da Defesa de Israel.
As crises humanitárias na África continuam sendo ignoradas. A atual edição do relatório Most neglected crises (Crises mais negligenciadas), coloca as nações africanas nas primeiras posições no ranking. Dos 34 países analisados, os mais invisibilizados foram: Camarões, Etiópia, Moçambique, Burkina Faso, Mali, Uganda, Irã, República Democrática do Congo, Honduras e Somália.
Análise: por não “bater à porta” da Europa, as crises na África continuarão fora dos principais noticiários.
🔗 Links diversos e úteis que vi por aí
Fineduca: Governo Lula teria que investir R$ 61,3 bi a mais para garantir padrão mínimo nas escolas. [Folha de S. Paulo] | Como estão as crianças após dois anos da maior tragédia ambiental do RS. [Portal Lunetas] | Em Campinas, SP, acolhimentos dobram e cidade tem superlotação em abrigos para crianças. [g1] | Justiça abre caminho para reparação por adoções forçadas. [DW Brasil] | Nós, mães atípicas, manipuladas pela indústria do autismo. [Folha de S. Paulo] | Pessoas têm menos bebês por falta de desejo ou de segurança? [DW Brasil] | Robert F. Kennedy Jr., Secretário de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, demite todos os especialistas do painel de vacinas do CDC, Centros de Controle e Prevenção de Doenças. [The New York Times] | Relatório do Fundo de População das Nações Unidas revela uma queda sem precedentes nas taxas de fertilidade mundial. [BBC]
📚 Leia para uma criança Com qual penteado eu vou?.
Eu conheci a Kiusam, a autora, em um festival de literatura, em julho do ano passado. Sabe aquela pessoa que te traz tranquilidade só de olhar para você? Kiusam tem essa energia. E ela passa essa felicidade de viver para os livros dela. São todos belíssimos. Já indiquei um, agora indico o segundo e logo mais indicarei o terceiro… por aí vai. A melhor decisão que você vai fazer é comprar todos de uma vez.
Mas voltando para Com qual penteado eu vou? (Editora Melhoramentos, 2021). Só posso falar que essa obra de arte, cujas ilustrações impecáveis são de Rodrigo Andrade, é nada menos que inspiradora. Você vai se demorar a cada virada de página, tentando absorver cada detalhe, cada gosto, cada sorriso. Ao final, a sensação é de que você fará parte da festa.
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Até a próxima!